sábado, 15 de outubro de 2016

Deuses e mortais

Ela viu um conhecido. Alguém muito familiar. Resolveu cumprimenta-lo e bateu de cabeça com o sujeito. Zonza, zuniu e zanzou ali dentro confusa. Quem ele pensava que era para agir assim?! Eles bateram cabeça uma... duas... três vezes até que ela desistiu – seus olhos embaçavam com as pancadas - e resolveu se virar:
Um magnífico portal se abriu diante dela, passando por ele um ser colossal, titânico, talvez divino. Isso, divino. Diferente de todos os outros até então e deveras mais belo que o bruto com quem, segundos antes, brigara.
Passado o torpor, ela se escondeu tal qual verme insignificante como viera ao mundo e o observou se acomodar de braços cruzados bem no meio do ambiente. Ansiosa, andava de um lado ao outro sem saber como lidar com o ente celestial bem no meio da sua sala.

Resolveu ir em sua direção. Tocou-lhe as pernas, mas ele não a percebeu. Subiu até pela cintura até rastejar por sua camiseta embebida de suor. Ainda assim, ele se encontrava completamente absorto para contemplar a beleza desta mortal criatura. Finalmente tomou coragem e resolveu encará-lo olho no olho. Pra quê?

O gigante se acovardou e passou a dançar loucamente agitando as mãos, olhando para os lados, enquanto a mortal tentava, em vão, acompanhar os seus movimentos. Finalmente, desistiu dos olhos e resolveu lhe cochichar ao pé da orelha:

– Posso ser sua mensageira, senhor?

Subitamente o portal se abriu novamente e o deus fugiu para o novo horizonte que se revelava além daquele limiar.

– Como raios vou espalhar ESSA mensagem para outros?

A mortal resolveu seguir seu deus, mas foi esmagada pelo portal que, justo naquele momento, se encerrou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário